Já se suspeitava, mas agora é público: o Ministério da Educação quer mesmo acabar com a Escola de Música do Conservatório Nacional.
Se depender do Governo, a instituição de quase 180 anos, que já nos deu Maria João Pires, Bernardo Sassetti e tantos outros, tem os dias contados.
Já não se trata de destruí-la devagarinho, como até aqui deixando-a cair aos bocados, com o órgão do século 18 a deteriorar-se ou o Salão Nobre quase a ruir sobre a plateia.
Desta vez, a Ministra quer fazer o serviço de uma só vez. Com três golpes tão rápidos e certeiros que, espera ela, ninguém vai sequer perceber o que se passa.
O primeiro golpe é acabar com os Cursos de Iniciação. Crianças dos 6 aos 9 anos de idade vão deixar de ter acesso às 6 horas semanais de instrumento, orquestra, formação musical, coro e expressão dramática hoje ministradas pelo Conservatório.
O segundo golpe é matar o Ensino Articulado. Adolescentes com talento musical já não poderão conciliar a formação artística de alto nível do
Conservatório com a frequência às outras matérias da sua escola habitual.
Quem quiser ser músico, a partir de agora, tem que decidir profissionalizar-se aos 10 anos de idade sem poder voltar atrás.
Por fim, o golpe de misericórdia é dar cabo do Ensino Supletivo o regime que tem formado, ao longo dos anos, a maior parte dos músicos portugueses.
De Alfredo Keil a Pedro Abrunhosa, passando por centenas e centenas de outros.
Sem músicos, sem público educado para a música, já se vê o que a Ministra pretende: reduzir-nos ao silêncio.
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11/02/2008
Sara Rafael
http://geocities.yahoo.com.br/jerusalem_13/sararafael.html