Estou farta de ouvir tanta gente a falar em sacrifícios.
Querem à força incutir-nos a ideia de que devemos abster-nos de tudo para ficarmos bem vistos pela troika. Prescindimos da saúde, dos transportes, dos subsídios; baixamos a qualidade da alimentação e de tanta coisa que poderia trazer alguma felicidade às nossas vidas.
Quantos políticos agora vêm à TV comentar e incutir-nos essa mesma ideia dos sacrifícios tão necessários esquecendo que nos últimos 35 anos, muitos ocuparam cargos públicos e contribuíram para o descalabro do país. No entanto, falam e comentam, pedem sacrifícios mas vivem de ordenados substanciais ou pensões milionárias – quando não acumulam.
Tal como na informática se formata um disco, em Portugal tenta-se a todo o transe formatar a opinião pública enquanto se retiram os subsídios às crianças, aos estudantes e à 3ª idade.
Para isso servem-se de toda e qualquer pessoa que imaginem ter alguma influência no povo. E quem melhor para o fazer senão políticos bem falantes ou figuras públicas?
É um vale-tudo a toda a hora para nos fazerem a cabeça e mudarem a opinião; ou seja, submeterem-nos incondicionalmente.
Não gosto de greves, claro que não. Não gosto mas entendo que é preciso mostrar a esta gente o descontentamento do povo português e, mais ainda, seria preciso perguntar-lhes:
- Porque perdoa a Europa 50% da dívida à Grécia e os outros países, igualmente em dificuldades, têm que cumprir na íntegra?
- Não oiço ninguém levantar essa questão nem perguntar se na União Europeia não estava prevista a união dos países envolvidos, na riqueza ou na desgraça, tal como em qualquer casamento.
- E também não oiço perguntar se quando se formou a União Europeia, ficou em ata que algum país envolvido tivesse o direito de se impor a outro ou mesmo tentar alguma forma de ingerência.
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14/11/2011
Laura Martins