Ai, Portugal! A nossa vida se consome
num remoinho, emocionante, de amargura.
Os governantes tem riqueza, o povo, fome.
Em Portugal, viver tornou-se uma loucura.
Eu desejava o aportuguesamento
e não a fuga da nossa identidade.
O saudosismo não me afecta o pensamento.
Sou portuguesa, e de o ser tenho vaidade.
Neste país, brandos costumes imperavam.
Não era mau, o tempo da 'outra senhora'.
Democracias, só a excessos nos levaram...
por isso os portugueses, hoje, estão à nora.
O vandalismo assentou; é deprimente
um arraial, de crimes, roubos, prostitutos.
Quem conheceu o Portugal, de antigamente,
viveu com leis, governos, bem menos corruptos.
Pudesse eu, voltar àquele 'antigamente',
e os nossos jovens não veriam na TV,
tão maus exemplos. Com censura era diferente.
Os nossos filhos, hoje incultos, ninguém lê.
O desperdício, de dinheiro, é constante.
Não temos verba pra saúde, educação.
Nossa Marinha atracou barcos, num instante.
E a Aviação não voa, faz simulação.
Pagam-se impostos, dinheiros desaparecem;
inventam mais, que o povo paga. Mas, cifrões?
Ganham os ricos, os compadres sempre esquecem
dos seus impostos, e à bolsa abrir cordões.
Nunca se entendem, os políticos reclamam
uns com os outros, ameaça a situação.
Mui delicados, as suas fortunas ganham;
das suas bocas, não se ouve um palavrão.
Ai, Portugal! Que te curvaste a tudo e todos.
Pelas fronteiras, a alimentação galopa.
Neste cantinho, sossegado, sol a rodos...
Podias bem ser 'o celeiro da Europa'.
Com triste sina, também tem, pra lá do mar,
acalorado, bom sambista, gigantão.
Brasil! País que ninguém sabe governar.
Agora, sim! Posso dizer: - PAÍS IRMÃO!
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21/02/2002
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores nº 20958